domingo, 12 de agosto de 2007

Brassai, Flash e o Instantâneo

Outro post para o pessoal da Oficina de Flash Básico do Sesc.

Durante a última aula, sexta-feira passada, vimos muitas imagens noturnas feitas por Brassai na Paris da década de 30; algumas feitas com exposições longas, outras feitas com flash. As fotos estão no livro Brassai, editado pela Taschen.

Quando não fazia longas exposições, Brassai usava lâmpadas de flash; mais ou menos as avós dos nossos flashes eletrônicos atuais. Nós estamos acostumados com flashes que disparam centenas de vezes antes de termos de pensar em uma lâmpada nova para eles. São flashes sincronizados com o obturador de nossas câmeras e seu disparo é rápido, instantâneo. Isso tudo sem contar com módulos automáticos, TTLs etc. Tudo muito rápido, tudo muito fácil.

O funcionamento dessas lâmpadas era bem diferente dos nossos flashes. Cada lâmpada era boa para um disparo. Uma espécie de curto circuito acionava a lâmpada, que estourava literalmente o filamento a fim de liberar a luz. Além disso ainda não havia sincronismo entre flash e câmera. O fotógrafo precisava abrir o obturador, para então acionar a lâmpada, esperar o pico de iluminação e só depois fechar o obturador. Não exatamente instantâneo, não exatamente rápido.

Por isso tudo, Brassai precisava contar com a colaboração das pessoas que fotografava. Quando estava em um bar e ia fotografar um casal, as pessoas precisavam parar durante um momento e manter a pose tanto quanto fosse possível, até que Brassai pudesse abrir o obturador, disparar o flash, aguardar a luz atingir o pico para depois fechar o obturador. Muitas de suas fotos parecem instantâneos casuais, feitos nos bares, boites, bordéis e teatros de Paris, mas são na verdade o resultado de uma colaboração entre o fotógrafo e os fotografados. Uma colaboração necessária para que pudessem fazer a imagem acontecer, apesar das limitações técnicas do equipamento.

Brassai certamente prezava muito essa relação que conseguia desenvolver com as pessoas que fotografava. Daí a citação abaixo:

"Eu preciso que o fotografado esteja o mais consciente possível
de que ele faz parte de um evento (...) de um ato artístico.
Eu preciso de sua colaboração ativa..."


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